O Deejayin como um elemento da Kultura Hip Hop


Os primeiros passos da História da Kultura Hip Hop com a estrutura que conhecemos hoje, está irrefutavelmente associado a arte do Deejayin, considerando que os 3 grandes nomes indicados para a sua fundação, estruturação espiritual e desenvolvimento técnico tem a intervenção directa de 3 Deejays.



No entanto, foi a 11 de agosto de 1973 em New York City, especificamente em Bronx, quando Clive Campbell, conhecido como o Lendário DJ Kool Herc e a sua irmã Cindy Campbell (Imigrantes Jamaicanos) organizaram o evento que marca a data de maior referência para o início deste movimento Cultural, “BACK TO SCHOOL PARTY” no quarto de recreação do Edifício 1520 na Avenida de Sedgwick, um lugar agora considerado como “HIP HOP BIRTH PLACE”, onde o Dj Kool Herc utilizando duas turntables (dois gira-discos), reproduziu duas cópias dos mesmos vinil tocando repetidas vezes a parte das músicas sem a voz (break beat), formato que posteriormente deu origem ao surgimento da música Rap, esta prática rapidamente proliferou-se entre os guetos de Nova York através daquelas que foram conhecidas como Block Parties.







Em 1975, o jovem Grand Wizzard Theodore (Discíplo de Grand Master Flash), descobriu acidentalmente o Scratch enquanto tocava na sala de estar da sua casa, a sua mãe pediu que diminuísse o volume da música, levando-o a interromper a música pousando a mão no vinil para perceber a orientação da sua mãe, reproduzindo um som que o chamou atenção e ele apaixonou-se com o som e repetiu o movimento contra a batida movendo o de um lado para o outro repetidas vezes, gerando aquela que é hoje uma das principais técnicas usadas na arte de Deejayin enquanto elemento da Kultura Hip Hop.




Conforme referenciado mais acima ao lado de Kool Herc, Grand Master FlashAfrikaa Bambaataa são considerados a Trilogia da Kultura Hip Hop. Embora Grand Wizzard Theodore tem os créditos para a criação do Scratch, foi o Grand Master Flash que aperfeiçoou tornando-o assim em uma ferramenta fundamental para a arte de Deejayin.

Apesar do Grand Master Flash ter aparecido em muitos registos saídos pela Sugar Hill Records (a primeira gravadora de Hip Hop), ele apenas lançou o seu primeiro álbum em 1981 “The Adventures of Grandmaster Flash on the Wheels of Steel”que ajudou nas demonstrações das suas habilidades em mixagem. 




Afrika Bambaataa por sua vez ganhou a fama como um Deejay pelo modo dele de misturar estilos e gêneros de música que seria considerada tabo, suportada também pela admiração e respeito já conquistado como líder dos Black Spades e posteriormente fundador da Universal Zulu Nation (Casa Mãe da Kultura Hip Hop) e que lhe confere actualmente o estatuto de Amén-Ra. Em 1982 ele lançou "Planeta Rock" que caracteriza várias amostras do grupo de música eletrônica alemão Kraftwerk. Planet Rock ainda era também um marco para uma etapa da Kultura Hip Hop, por ser uma das primeiras músicas com  ritmo naquela altura.


Embora o Scratch já era conhecido entre muitos, não era necessariamente uma febre no seio dos Deejays, cenário que mudou quando o  Grand Master D.St apresentou-se ao vivo na entrega dos Grammy Awards de 1984 transformando esta técnica em uma febre entre os Deejays passando a ser uma inclusão quase que obrigatória em todos os álbuns lançados após esta representação.


Em 1985, o Deejay de uma Rádio Britânica “Dj Tony Prince” deu início a uma competição de Deejays para a Disco Mix Club  (DMC), uma organização que ele fundou na Inglaterra. A competição baseou-se na demonstração das habilidades de muitos Deejays europeus até que o DJ Cheese de Nova Jersey venceu em 1986, a sua forma de Scratch impressionou o jurado, a plateia e os seus concorrentes. Esta competição passou a ser o principal palco para que os diferentes Deejays em todo mundo demonstrem as suas habilidades ao mais alto nível.


Vinte anos depois, a arte de Deejaying foi finalmente apresentado à era digital. Em 2001, o sistema visual digital (DVS) foi incorporado como um dos meios para conectar um laptop às turntables tradicionais e a mesa misturadora. No princípio os Deejays estavam relutantes em usar DVS, mas posteriormente se tornou uma parte standard do material de Deejaying. Com o desenvolvimento tecnológico passou a ser conveniente para os Deejays ter todo o repertório musical no laptop acoplado com as Turntables e a mesa de mistura.  

Hoje, mais de 40 anos depois desde as suas primeiras manifestações, o Deejay continua sendo a figura de proa da Kultura Hip Hop, servindo de maestro em festas, elemento essencial em programas de rádio ou televisivos, assim como o arquitecto dos shows.  


Entre os vários papeis que o Deejay desempenha hoje, além de conduzir a multidão, destaca-se a preparação/desenho da base ao top das performances dos Emecees e dos B-Boys, onde por trás de 1 Emecee deve haver sempre um Deejay que vai preparar todas as suas apresentações, combinando os instrumentais, definindo as paragens durante a performance, percebendo o momento certo para a representação de uma ou outra faixa até o trabalho de estudo de campo para definir que faixas devem ser apresentadas em um determinado ambiente, considerando que nesta Kultura ninguém percebe o espírito da multidão melhor que o Deejay. No pacote de responsabilidades do Deejay, encontramos ainda a incorporação de scratch, e cortes em músicas (Rap), a manipulação de sons para auxílio aos produtores.



Apesar do Scratch ser a técnica mais conhecida entre as várias existentes na Arte de Deejayin, o Back-to-Back foi a que esteve na base da fundação desta Kultura, assim como na origem do que conhecemos hoje como Rap e ainda permitiu o surgimento do Break Dance. Esta técnica baseia-se na repetição de uma parte da mesma música  através da utilização de 2 discos desta música criando assim um loop perfeito. O desenvolvimento desta técnica, em combinação com o Scratch, o Corte e o Mix através do uso de turntables, gerou aquilo que é conhecido actualmente como a arte de turntablism e que é usado regularmente nas diversas competições de Deejayin existentes pelo mundo.   

Turntablism pode ser definida como a arte de manipular sons e criar músicas usando turntables e uma mesa de mistura. A palavra turntablist/Turntumblism (não tem tradução para a língua portuguesa) foi criada em 1995 pelo DJ Babu para descrever a diferença entre um DJ, que apenas reproduz discos, e um Deejay que mistura, toca e manipula as músicas, com a ajuda de turntables e um misturador para produzir novos sons.



Em Angola, o Deejayin como um elemento da Kultura Hip Hop teve as suas primeiras aparições no princípio dos anos 90, aquando da fase descrita como “A TOMADA DE CONSCIÊNCIA”, período em que o Hip Hop começa a ganhar corpo, onde considera-se a primeira aparição pública a do Deejay Muabi que apareceu em uma entrevista na TPA passada em 1993 como Deejay da X-Family (uma das primeiras crew de Hip Hop nacional), fazendo-se presente com o equipamento básico (Duas turntables e uma mesa de mistura).

A História do Deejayin como um elemento do Movimento Hip Hop em Angola atravessou diferentes etapas e foi se adaptando a realidade regional a medida que o tempo avançou, dando resposta a dificuldade em se obter o material necessário ou o domínio das técnicas essenciais para este elemento, fazendo recurso a outros materiais que dessem resposta a necessidade do Movimento.




Entre os vários Deejays da década de 90 que dedicaram-se inteiramente na reprodução de música Rap quer para rádios, shows ou outros eventos de Hip Hop podemos destacar o Dj Makas (Citado na música do Nellboy Dustha Burda) DJ Kiessy Kelly (que durante muito tempo tocou para o programa FM Expresso), o DJ MGM, O Axel Joka. Ainda outras pessoas que na ausência de um Deejay profissional cobriam esse papel metendo música usando cassetes (Decks Duplos) e colecionavam músicas durante muito tempo mesmo já se preparando para estes eventos (Yannick Ngombo para os Afroman, MC K para a Coligação periférica, Dj Gangsta para o Quarteirão Norte e outros) ou ainda aqueles que levaram como parte destas etapas e mantiveram-se desde o período das K7 até o presente em que dominam as Turntables (pessoas como o Dj Pelé e Dj Buraku Fundo).

Durante todo este processo, no final dos anos 90 surgiu como Deejay uma figura que se tornará até hoje uma pessoa de referência obrigatória sempre que for abordada a personagem7elemento  Deejay(in) no Movimento Hip Hop Nacional. Ele que ressurgiu com as Turntables em uma altura que para a maioria aquele material não passará de um sonho de consumo, o Dj Samurai fazia as suas aparições acompanhando os Emecees em Shows por si organizado ou em que era convidado, e foi responsável pela produção das primeiras mix tapes do movimento Hip Hop Nacional.


Actualmente, mesmo sendo o elemento mais caro da Kultura Hip Hop, já nos podemos gabar de termos Deejays de Hip Hop em Angola, que usam e dominam o material e as técnicas exigidas para o efeito quer em pariticpação nas musicas, shows e rádios. Entre os vários nomes a serem citados, é como uma obrigação a referência ao Dj Nkkappa que não é novo no Movimento tendo já experimentado outros elementos (B-boyin e Emeceein) mas que há já quase 13 anos que desfila como Deejay, tendo sido o principal suporte dos Shows de Hip Hop em um período de carência nacional. Outros Deejays como o Rebelde e o Deejay Bruno AG que trabalham exclusivamente com um grupo de Emecees cada (Naice Zulu & BC e Zona 5 respectivamente), cumprindo a tarefa de arquitectar as performances destes em Shows e outras aparições públicas.


 

Hoje existem em Angola grupos como a Angolan Scratch Deejays (com aproximadamente 12 Deejays) e outros como o Deejay Buraku Fundo, Deejay Mamen, Deejay Ritchelly, Deejay O’Mix e vários outros Deejays que trabalham especificamente com turntables e tocam exclusivamente música Rap explorando as diversas técnicas de turntublism, em rádios, shows, ou simplesmente disponibilizando sts musicais nas suas páginas do soundcloud e mixcloud. Ou ainda o Deejay Wall Gee que já tem mais de 20 anos de experiência na área, apesar da sua ligação pouco estreita com o Movimento Hip Hop nacional.


No que tange a representatividade no género, destaca-se como Deejay (Feminina) a Dj Ely Chuva, que se afirmou como Dj de Hip Hop ha um periodo superior que 5 anos, tendo pertencido ao grupo Angolan Scratch Djs, com os quais colaborou durante 2 anos. Hoje apesar de ter performance com outros estilos musicais, a sua area de actuacao principal é a musica Rap, com os quais explora tecnicas proprias de turntumblism, disponibilozando regularmente na sua pagina do soundcloud alguns sets e aparece como a principal Deejay convidada nos eventos em que a figura de destaque é uma Emecee/Rapper. No entanto entanto existem outras mas que não se têm destacado no Movimento Hip Hop Nacional.

                       
                            (Dj Ely Chuva)
   
                             (Dj Piryline)
     
                             (Dj Ritchelly)

                    (Dj O'Mix e Dj Nkkappa)

Nome de alguns Deejays de referência (E.U.A):

1- Dj Kool Herc
2- Dj Afrikaa Bambaataa
3- Dj Grand Master Flash
4- Dj Grand Wizard Theodor
5- Dj Jazzy Jeff
6- Dj Jam Master Jay
7- Dj Clue
8- Dj Funkmaster Flex
9- Dj Premier
10- Dj Tony Touch
11- Dj Baboo
12- DJ Marley Mal
13- Dj Q-Bert


                            (DJ Kool Herc)



                        (DJ Jam Master Jay)



(DJ Jazzy Jeff)




Nome de alguns Deejays Nacionais (Angola):


1- Dj Muabi
2- Dj Kiessi Kelly
3- Dj Disco B (durante algum tempo deu suporte ao programa Big Show cidade);
4- Dj Samurai
5- Dj Axel Joka
6- Dj Nosde
7- Dj Nkkappa
8- Dj Ritchelly
9- Dj Mamen
10- Dj Ely Chuva
11- Dj Nc
12- Dj O´Mix
13- Dj Pelé 



                                 (Dj Buraku Fundu e Dj Mamen)



                                  (Dj Pele)



(Dj Ely Chuva)



Nota: A ordem dos nomes/imagens não indica a importância ou relevância destes.

Alguns Concursos Internacionais de Deejayin

1- DMC (A mais conceituada Competição Internacional de Deejays);
2- Red Bull Tre3 Styles (Patrocinada pela Red Bull, Baseia-se na performance ao vivo de 3  estilos diferentes onde o melhor é determinado pela plateia);
3- BedRoom Dj Competition (Feito life on-line e acompanhado por vários seguidores ao redor do mundo).



Fonte:

Can´t Stop, Wont Stop de Jeff Chang;
Groove Music "The Art Culture of Hip Hop DJ de Mark Katz;
Oupblog.com;
Bkhiphopfestival;
Mix Hip Hop 92.3 Radio UNIA (Entrevistas Universidade Hip Hop);
Mata-bicho de Domingo 95.5 LAC (Entrevista 12 de Novembro 2016);
Palestras da Universidade Hip Hop.

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